Introdução
Por que tantos produtos bem intencionados falham antes mesmo de ganhar tração? Em muitas empresas, o ciclo se repete: surge uma boa ideia, ela entra no backlog, consome semanas de desenvolvimento… e, no fim, pouco entrega. Às vezes, nem chega a ser lançada. Em outros casos, vai ao ar, mas sem resolver um problema real ou gerar retorno visível.
A causa raramente é técnica. Na maioria das vezes, o problema está na falta de critérios claros para decidir o que merece ser construído — e como entregar com foco, clareza e ROI.
É aí que entra o modelo de validação de produto em dois Gates, inspirado em práticas consolidadas de gestão de portfólio e discovery estratégico:
- Gate 1 – Viabilidade de Negócio: a ideia se sustenta? Faz sentido para o usuário, o negócio e o contexto atual?
- Gate 2 – Priorização e Entrega: se vale a pena, como transformar essa ideia em produto enxuto, coeso e com roadmap priorizado?
Neste artigo, você vai aprender como aplicar esse processo completo para testar, priorizar e transformar ideias em produtos reais — com fórmulas simples, critérios objetivos e exemplos aplicados, como um hub de autoatendimento de RH.
Prepare-se para sair do “achismo” e tomar decisões com base em dados, impacto e foco.
Gate 1 – Viabilidade de Negócio: Vale a Pena Construir?
Antes de pensar em escopo, releases ou roadmap, é preciso responder à pergunta fundamental: essa ideia merece ser construída? Muitas vezes, a resposta não é binária — ela depende de evidências, critérios objetivos e do alinhamento com o momento do negócio.
O primeiro gate do processo responde exatamente isso. A proposta é transformar suposições em decisões claras por meio de um funil simples com quatro saídas possíveis:
- Go: a ideia está validada e segue para execução.
- Pilot: vale a pena testar com escopo reduzido ou público restrito.
- Pivot: há sinal de valor, mas ajustes são necessários.
- Kill: os dados indicam que não faz sentido seguir neste momento.
Para tomar essa decisão com segurança, o time precisa gerar um pacote mínimo de seis artefatos — estruturados de forma ágil e objetiva, em 3 a 10 dias úteis:
- Tese de investimento (1-pager): o que estamos resolvendo, quem ganha, quais alternativas existem e por que agir agora.
- Árvore de métricas: da North Star aos KPIs rastreáveis que mostrarão se estamos no caminho certo.
- Backlog de hipóteses com plano de evidências: quais suposições precisam ser testadas antes de investir.
- Modelo financeiro simplificado: estimativa de receita e/ou economia, com cenários base, otimista e pessimista.
- Análise build-vs-buy: matriz comparativa de soluções internas e de mercado.
- RAID + decisão recomendada: principais riscos, assunções, dependências e a proposta de caminho.
Essa etapa é especialmente valiosa para organizações que querem parar de desperdiçar energia em projetos que “fazem sentido na teoria”, mas não se sustentam na prática. Com esses seis artefatos, o time constrói alinhamento estratégico, técnico e financeiro — antes de qualquer linha de código.
Como Montar a Tese de Investimento e Métricas que Importam
A base de qualquer boa decisão de produto começa com duas perguntas simples:
“Por que essa ideia é uma boa aposta agora?” e “Como saberemos que está funcionando?”
Responder a essas perguntas exige clareza estratégica e foco em métricas que realmente importam — não apenas vanity metrics.
Tese de investimento: como construir em 1 página
A tese é um resumo argumentativo que justifica o investimento na ideia. Use este template:
Para [perfil de usuário] que enfrenta [problema], acreditamos que [ideia] entregará [valor esperado], pois [motivo pelo qual agora é o momento certo].
Diferente de [alternativas], essa solução [diferencial principal].
Exemplo (Holerite Digital):
Para times de RH sobrecarregados com chamados repetitivos, acreditamos que um portal de autoatendimento com acesso ao holerite digital reduzirá o volume de solicitações manuais em até 60%, pois 80% dos chamados são por segunda via.
Diferente de soluções terceirizadas complexas, nossa proposta foca em integração leve, LGPD e auditoria completa.
Essa frase serve como âncora para todo o restante do processo de validação de produto.
Árvore de métricas: da North Star aos KPIs rastreáveis
Depois de justificar o “porquê”, é hora de definir “como mediremos o sucesso”. A ferramenta ideal para isso é a árvore de métricas, que conecta a North Star Metric a indicadores operacionais rastreáveis.
Exemplo (produto interno – RH):
- North Star: Custo por atendimento de RH (meta: reduzir 30% em 90 dias).
- ↳ Driver 1: Tempo médio por chamado.
- ↳ KPI: minutos por atendimento (fonte: sistema de chamados)
- ↳ Driver 2: Volume de chamados por mês.
- ↳ KPI: total de chamados por categoria
- ↳ Driver 3: Adoção do autoatendimento.
- ↳ KPI: % de colaboradores ativos no portal
- ↳ Driver 1: Tempo médio por chamado.
Exemplo (produto externo – marketplace):
- North Star: GMV mensal × Take Rate (receita recorrente escalável)
- ↳ Corretores ativos com venda nos últimos 30 dias
- ↳ Ticket médio por venda
- ↳ Taxa de conversão lead > venda
- ↳ Retenção no mês seguinte
Essas métricas servem como bússola para todas as hipóteses, priorizações e checkpoints futuros.
Como Escrever Hipóteses Falsificáveis (Com Confiança)
Se a tese de investimento aponta a direção e as métricas mostram o que medir, as hipóteses são os testes que colocam tudo à prova — antes de qualquer esforço de desenvolvimento.
Mais do que suposições soltas, boas hipóteses são falsificáveis, ou seja: deixam claro o que precisa acontecer (e em quanto tempo) para que a ideia seja considerada válida. Isso permite decisões com base em evidências — não achismos.
Template de hipótese (preencha como fórmula)
H#: Acreditamos que [mecanismo] gerará [efeito em métrica X] de [Y%] em [Z meses].
Mediremos por [KPI]; falsificamos se [limite mínimo de resultado].
Confiança estimada: [baixa / média / alta].
Exemplo real – Holerite Digital (H-01):
Acreditamos que disponibilizar o holerite em um portal de autoatendimento reduzirá os chamados de “segunda via” em 60% em até 90 dias.
Mediremos por: total de chamados da categoria “holerite”.
Falsificamos se a redução for inferior a 30%.
Confiança: alta (base em benchmark interno + entrevistas).
A força desse formato está na clareza. Toda hipótese bem escrita já embute um plano de evidência (como será validada), um critério de sucesso (limite mínimo) e um prazo — que podem alimentar as próximas etapas da validação de produto.
Além disso, hipóteses bem formuladas ajudam a priorizar o que precisa ser descoberto primeiro. Se uma ideia depende de uma hipótese crítica com baixa confiança, talvez ela deva ser adiada até que os dados estejam disponíveis.
Dica prática
Monte um backlog de hipóteses, com colunas como:
- H#
- Hipótese (formato padrão)
- Métrica-alvo
- Método de teste (ex: benchmark, experimento A/B, entrevista)
- Critério de falsificação
- Confiança estimada
- Decisão associada (Go, Pivot, etc.)
Esse backlog vira seu radar de risco — e seu roteiro de validação enxuta.
ROI, Savings e Payback: Modele com Simplicidade
Validar uma ideia também exige olhar para o bolso — seja para justificar um investimento ou para estimar retorno. Nesta etapa, o foco é transformar impacto potencial em modelos financeiros claros e simples, tanto para produtos internos (economia de custo) quanto externos (geração de receita).
Produtos internos: calcule savings e payback
Para soluções voltadas à eficiência operacional, o foco está em reduzir esforço, retrabalho ou custos invisíveis.
Use esta fórmula básica:
Tempo economizado (mensal) = (Tempo atual por tarefa − Tempo futuro estimado) × Frequência × Adoção
Saving mensal (R$) = Tempo economizado × Custo/hora médio
Payback (meses) = Investimento inicial / Saving líquido mensal
ROI (%) = (Benefício − Custo) / Custo
Exemplo – Holerite Digital:
- Volume: 6.000 chamados/mês relacionados a holerite
- Tempo médio atual por chamado: 6 min
- Custo/hora (RH): R$ 60
- Economia de tempo: 6.000 × 6 min = 36.000 min = 600h
- Saving mensal: 600h × R$ 60 = R$ 36.000
- Custo inicial: R$ 180.000 (dev) + R$ 5.000/mês (OPEX)
- Payback estimado: ~5 meses
Esses números são mais do que contas — são argumentos. Eles mostram por que a ideia deve seguir adiante (ou não).
Produtos externos: foque em receita e unit economics
Se o produto gera receita, o foco muda: CAC, LTV, take rate e churn passam a ser métricas centrais.
Fórmulas úteis:
Receita mensal (base) = Preço × Volume × Adoção × Take Rate
LTV = ARPU × Margem bruta × Vida média (1/churn)
CAC Payback (meses) = CAC / Margem bruta mensal por cliente
Exemplo – Marketplace de Corretores:
- Meta ano 1: 1.000 corretores ativos
- 2 vendas/mês × comissão média R$ 1.500 × 10% take rate
- Receita mensal: R$ 300.000
- Margem bruta (após meios de pagamento): 80% → R$ 240.000
- CAC alvo: até R$ 1.200/corretor
- CAC payback ideal: ≤ 6 meses
Você não precisa ser CFO para tomar boas decisões — só precisa transformar suposições em contas simples, com premissas claras.
Build-vs-Buy: Quando Construir e Quando Comprar
Nem toda boa ideia precisa virar código escrito do zero. Antes de alocar desenvolvedores ou abrir uma sprint, é essencial responder: vale mais a pena construir, comprar ou compor com soluções existentes?
Essa análise evita desperdício, reduz tempo de entrega e ajuda a manter o foco no diferencial real do produto.
A matriz Build-vs-Buy: avaliação em 7 critérios
Use uma matriz simples com notas de 0 a 5 para comparar opções (vendors e solução interna) em critérios-chave:
| Critério | Vendor A | Vendor B | Build Interno |
|---|---|---|---|
| Aderência funcional | |||
| Integração com sistemas | |||
| TTV (Time to Value) | |||
| TCO 24 meses (custo total) | |||
| LGPD / Compliance | |||
| Roadmap do fornecedor | |||
| Lock-in / Dependência futura |
Resultado: Score ponderado + recomendação: Comprar, Construir ou Compor (ex: usar base pronta com extensões customizadas).
Exemplo aplicado – Holerite Digital
- Vendor A tem boa aderência e integração, mas alto lock-in e TCO.
- Build interno exige mais tempo, mas atende 100% das regras de auditoria e LGPD.
- Decisão: Compor — construir núcleo leve interno + plugin de notificações externas.
Quando escolher cada caminho?
- Comprar: quando há uma solução madura, aderente e rápida de implantar.
- Construir: quando a proposta tem requisitos específicos demais ou é core estratégico.
- Compor: quando nenhuma opção atende 100%, mas é possível usar uma base + extensões com boa governança.
Essa análise fecha o ciclo estratégico do Gate 1: com hipóteses testadas, ROI modelado e decisão de build clara, o time está pronto para dizer com confiança: Go, Pilot, Pivot ou Kill.
Checklist Final para Decisão Go / Pilot / Pivot / Kill
Com todas as análises feitas — tese, métricas, hipóteses, ROI e Build-vs-Buy — é hora de tomar uma decisão clara. Mas como saber se uma ideia está realmente pronta para seguir para o próximo estágio?
Use este checklist enxuto para validar se o pacote de evidências está completo:
Checklist de Validação do Gate 1
- Baseline coletado (dados de uso, volume, tempo, custo atual)
- Pelo menos 1 hipótese crítica testada (com critério de falsificação claro)
- Árvore de métricas definida (com North Star e KPIs rastreáveis)
- Modelo financeiro estruturado (savings ou receita + payback)
- Análise Build-vs-Buy aplicada (com recomendação justificada)
- Riscos e suposições mapeados (RAID log + plano de mitigação)
- Recomendação documentada (com status: Go / Pilot / Pivot / Kill)
Regra prática
Se você não tem baseline + hipótese crítica validada + ROI estimado + análise Build-vs-Buy, ainda não é hora de construir. Volte uma casa, ajuste o plano e colete as evidências certas.
Esse gate não é uma burocracia: é um filtro inteligente que evita meses de esforço em ideias frágeis e acelera aquelas que têm real potencial.
Lembre-se: tomar a decisão certa antes de investir pesado é um dos maiores sinais de maturidade em gestão de produto.
Gate 2 – Priorização de Produto: Como Entregar com Clareza
Se o Gate 1 responde “vale a pena construir?”, o Gate 2 foca em “como entregar com foco?”. É a hora de sair das análises estratégicas e entrar na exploração prática do produto, com objetivo de transformar uma ideia validada em:
- Um escopo unificado e livre de redundâncias
- Um MVP claro que entrega valor de ponta a ponta
- Um roadmap realista, priorizado por impacto e viabilidade
Essa etapa é conduzida, idealmente, por meio de um workshop estruturado, com duração de um dia e participação multidisciplinar. A proposta é transformar funcionalidades soltas em épicos coesos, e épicos em releases possíveis — tudo guiado por critérios de negócio e alinhamento técnico.
Esse momento também é fundamental para:
- Engajar stakeholders desde o início
- Dar visibilidade ao time sobre o “todo” (visão + jornada + métricas)
- Evitar escopos inchados, retrabalho e entregas sem direção
O segredo aqui está na clareza e na colaboração. Ao final do processo, o time deve sair com:
- Uma visão de produto bem definida
- Guardrails técnicos e de negócio
- Story map completo com MVP cutline
- Planilha de priorização RICE
- Roadmap visual Now–Next–Later
- Lista de descobertas e spikes técnicos
E o melhor: tudo isso pode ser feito em um único dia, com foco e facilitação adequada.
A seguir, você verá o roteiro completo desse workshop — bloco a bloco.
Roteiro do Workshop de Priorização (Bloco a Bloco)
Com a decisão de seguir adiante tomada, o workshop de priorização entra em cena como a ferramenta para transformar intenção em execução — sem escopo inflado, sem funcionalidades duplicadas e com foco claro no valor entregue.
A seguir, veja como conduzir essa dinâmica em 6 blocos objetivos, com sugestões práticas e templates prontos para usar.
Bloco 0 – Alinhamento Inicial (30 min)
- Objetivo do dia: transformar ideias em um escopo unificado + roadmap priorizado.
- Critérios de decisão: use o framework DACI:
- Driver = Product Lead (facilitador)
- Approver = Sponsor ou stakeholder de negócio
- Contributors = Times técnicos, UX, dados, etc.
- Informed = outras áreas impactadas
Defina os guardrails logo no início (ex: LGPD, SSO, tempo de resposta < 2s).
Bloco 1 – Clustering de Funcionalidades e Visão do Produto (60 min)
- Pitch relâmpago de cada ideia (3–4 min por time).
- Affinity Clustering: agrupe funcionalidades semelhantes (ex: “Visualizar holerite”, “Baixar PDF” → tema: “Autoatendimento de RH”).
- Redija a Visão do Produto com este template: Para [usuário], que precisa [resolver um problema], nosso produto entrega [valor]. Diferente de [alternativas], ele oferece [diferencial].
- Estabeleça 3–5 Guardrails: ex. Mobile-first, integração com folha, logs por evento.
Bloco 2 – Jornada Atual e Oportunidades (75 min)
- Modele a jornada atual (cliente ou colaborador) em swimlanes: Entrar → Consultar → Baixar → Suporte, etc.
- Para cada etapa, mapeie:
- Jobs to Be Done
- Dores e falhas
- Riscos e suposições (RAID light)
Bloco 3 – Story Mapping e MVP Cutline (90 min)
- Construa o User Story Map:
- Eixo horizontal = etapas da jornada
- Eixo vertical = histórias por necessidade (ex: “Como colaborador, quero visualizar o holerite para conferir meu salário.”)
- Desenhe a linha do MVP: a menor fatia que entrega valor de ponta a ponta.
- Marque integrações e dependências técnicas críticas (ex: SSO, folha, ponto).
Bloco 4 – Priorização com RICE (60 min)
- Avalie funcionalidades candidatas com a fórmula: RICE = (Reach × Impact × Confidence) / Effort
- Inclua colunas adicionais:
- Dependências técnicas
- Obrigatórios (compliance, regulatórios)
- Classifique em Now / Next / Later com base no score e viabilidade.
Bloco 5 – Roadmap e Plano de Entrega (45 min)
- Converta os épicos priorizados em releases incrementais (ex: ciclos de 4–6 semanas).
- Defina:
- Métricas por release (leading + lagging)
- Owners por épico
- Descobertas e spikes necessários
Bloco 6 – Encerramento e Alinhamento Final (15 min)
- Recapitule:
- Visão + guardrails
- MVP definido
- Roadmap Now–Next–Later
- Spikes e riscos críticos
- Alinhe datas dos próximos checkpoints (ex: revisões quinzenais de outcome)
Esse roteiro cria não só um plano de execução viável — mas também confiança compartilhada sobre o que será entregue, por quê, e em qual ordem.
Exemplo Aplicado: Holerite + Ponto Virando um Hub de RH
Para ilustrar o processo completo dos dois Gates, vamos aplicar o método em um caso realista: transformar duas ideias paralelas — visualização de holerite e registro de ponto — em um produto coeso e escalável: um Hub de Autoatendimento de RH.
Visão de Produto
“Um hub único onde colaboradores resolvem rotinas de RH em segundos, com segurança e auditabilidade.”
Clustering de Funcionalidades → Épicos
- Acesso & Identidade: login via SSO, perfis e permissões
- Holerite: listar meses, visualizar, baixar PDF, comprovante para bancos
- Ponto: bater ponto (online/offline), ajustes com justificativa, geofencing opcional
- Fluxos & Aprovação: aprovação de ajustes, trilhas de auditoria
- Comms & Notificações: push/email de holerite disponível, lembrete de ponto
- Observabilidade & LGPD: logs por evento, consentimento, política de retenção
Priorização com RICE (simplificado)
| Item | Reach (90d) | Impact | Confidence | Effort | Score |
|---|---|---|---|---|---|
| Visualizar holerite | 2.500 | 2.5 | 0.9 | 8 | 703 |
| Bater ponto (online) | 2.500 | 3.0 | 0.8 | 10 | 600 |
| SSO (obrigatório) | 2.500 | 3.0 | 0.9 | 16 | 421 |
| Notificação de holerite | 2.500 | 1.5 | 0.9 | 4 | 844 |
| Ajuste de ponto com aprovação | 600 | 2.0 | 0.7 | 8 | 105 |
Observação: SSO tem score mais baixo, mas entra como obrigatório por compliance.
MVP (Now – 0 a 8 semanas)
- Login via SSO
- Visualizar e baixar holerite
- Bater ponto online
- Notificação básica (holerite disponível)
- Eventos mínimos para analytics
Esse recorte cobre a jornada completa para mais de 80% dos colaboradores, com entregas auditáveis e valor imediato.
Próximos passos
- Next (8–16 semanas): modo offline do ponto, ajustes com aprovação, auditoria granular, geofencing piloto
- Later: insights de folha, dashboard de gestores, automações avançadas, chat de RH
Payback estimado
Com base na redução de chamados e tempo economizado:
- Saving mensal: R$ 21.600
- Custo inicial: R$ 180.000
- Payback estimado: ~8 meses
Esse exemplo mostra como aplicar o método de forma objetiva — indo do caos de ideias soltas a um roadmap claro, priorizado e orientado a valor.
Governança, Checkpoints e Métricas de Sucesso
Um bom plano de produto não termina no roadmap. Para garantir que a execução mantenha foco, ritmo e alinhamento com os objetivos do negócio, é essencial estabelecer uma governança leve, porém estruturada.
Defina o DACI desde o início
- Driver: geralmente o Product Lead ou responsável por inovação
- Approver: quem tem autoridade final sobre investimento (ex: sponsor ou executivo)
- Contributors: times técnicos, UX, dados, áreas parceiras
- Informed: demais interessados e áreas impactadas
Esse alinhamento evita conflitos e acelera decisões críticas ao longo do ciclo.
Estabeleça Checkpoints de Outcome
Reuniões quinzenais de revisão são ideais para manter tração e corrigir rotas rapidamente. Nessas sessões, foque em:
- Progresso por épico ou release
- Métricas entregues vs. metas definidas
- Riscos novos ou mudanças de escopo
Dica: use um painel visual com a árvore de métricas conectada aos releases atuais. Isso ajuda a manter todos ancorados no que realmente importa.
Métricas recomendadas por tipo de produto
Para soluções internas (ex: RH, operações):
- % de colaboradores ativos/mês
- Tempo para tarefa (ex: “ver holerite”, “bater ponto”)
- Redução de chamados manuais
- NPS transacional pós-tarefa
- Taxa de erro ou retrabalho
Para produtos externos (ex: marketplaces, apps):
- Taxa de conversão por etapa
- GMV, receita, margem bruta
- LTV e churn
- CAC e payback
- Adoção e retenção por cohort
Essas métricas ajudam a monitorar tanto o valor entregue quanto os sinais de que ajustes são necessários.
A governança não precisa ser pesada — ela só precisa garantir que a equipe continue respondendo à pergunta central: “Estamos entregando o que foi prometido?”
Conclusão
No universo de produto e inovação, não faltam ideias — o que falta, muitas vezes, é um processo confiável para decidir com clareza quais merecem sair do papel e como entregá-las com foco e impacto real.
Neste artigo, você viu como estruturar essa jornada em dois Gates práticos:
- Gate 1 – Validação de Produto: onde reunimos evidências, testamos hipóteses, modelamos ROI e decidimos com objetividade: Go, Pilot, Pivot ou Kill.
- Gate 2 – Priorização de Entrega: onde transformamos escopo em roadmap, alinhamos times e preparamos releases com clareza e métricas.
Com esses dois filtros, você evita escopos inchados, retrabalho e projetos que não entregam valor. Mais do que isso: ganha confiança para investir no que importa — com governança, visibilidade e ROI.
Agora que você tem o playbook completo nas mãos, o próximo passo é aplicar.

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