Você abre uma nova rodada de ideias.
O formulário está no ar, a comunicação foi feita, os acessos chegam. Mas o que aparece na caixa de entrada não empolga:
Sugestões vagas. Reclamações disfarçadas de ideia. Repetições do que já foi feito. Propostas que dependem de orçamento que não existe.
O sentimento inevitável: “as pessoas não sabem propor.”
Mas será que o problema está nelas?
Ou será que está no sistema que está pedindo ideias — sem contexto, sem critério, sem direção?
Este artigo é para você, gestor ou analista de inovação, que:
- Já se frustrou com a baixa qualidade das ideias recebidas
- Sente que o programa está virando um mural de “pedidos” ou “reclamações”
- Quer educar o funil de entrada sem transformar o programa em algo elitista ou inacessível
Aqui, vamos mostrar:
- Por que ideias ruins aparecem com frequência
- Como estruturar um processo de entrada mais qualificado
- E como ensinar a propor melhor sem afastar quem quer contribuir
Porque boas ideias não são obra do acaso.
São reflexo direto de como — e do que — a empresa pede.
Por que ideias ruins aparecem — e por que isso não é culpa do colaborador
Quando as ideias que chegam são genéricas, desconectadas ou inviáveis, o impulso inicial é julgar a qualidade da participação:
“As pessoas não têm repertório.”
“Ninguém entende o objetivo do programa.”
“Só mandam sugestões que beneficiam a própria área.”
Mas esse tipo de análise foca na consequência, não na causa.
Porque a verdade é simples: a qualidade da ideia que entra no sistema depende da qualidade do convite feito a quem propõe.
Se o programa não explica o que está procurando, o colaborador preenche o vazio com o que tem:
- Reclamações cotidianas
- Desejos pessoais
- Dúvidas de processos
- Ou sugestões que refletem a sua própria bolha
Segundo um estudo da Board of Innovation, 64% das ideias submetidas em programas internos são classificadas como “sem valor de execução imediato” — e mais da metade disso ocorre por falta de clareza sobre escopo, critérios e foco estratégico no momento da captura.
Fonte: Board of Innovation – State of Corporate Innovation 2023
Ou seja: o colaborador não está “sem noção”.
Ele está respondendo com base no que o sistema pediu — ou deixou de pedir.
E se esse pedido for amplo demais, mal formulado ou genérico, o funil de entrada vira uma caixa de ruído.
No próximo bloco, vamos mostrar como estruturar um modelo de captura que qualifica naturalmente as ideias, sem travar a participação.
Como qualificar as ideias que entram — sem travar a participação
Boas ideias não surgem de formulários abertos.
Elas surgem de contextos bem definidos, perguntas bem formuladas e sistemas que ajudam a pensar.
Se o seu funil de entrada virou um repositório de ruído, a solução não é restringir — é redesenhar a forma como você convida a contribuição.
Aqui estão três ajustes essenciais:
1. Peça ideias com foco, não com liberdade total
“Envie qualquer ideia” é um convite preguiçoso.
Funciona para volume, mas afunda a qualidade.
Em vez disso, direcione:
- Por desafio (“Como podemos reduzir retrabalho na operação X?”)
- Por alavanca (“O que poderia melhorar a experiência de Y em 7 dias?”)
- Por objetivo (“Tem alguma sugestão que ajude a acelerar o indicador Z?”)
Essa mudança educa o pensamento de quem propõe — e simplifica a triagem.
2. Use perguntas estruturantes, não formulário genérico
Não basta perguntar “qual é sua ideia?”.
Ajude quem propõe a qualificar o raciocínio com perguntas como:
- Qual problema essa ideia resolve?
- Qual processo ela impacta?
- Qual seria o teste mais simples para validá-la?
Essas perguntas não afastam — elas ampliam a clareza.
E ao mesmo tempo, ajudam o próprio colaborador a perceber se a ideia está madura ou precisa de ajuste.
3. Dê exemplos, mas não molde o pensamento
Um erro comum é só mostrar ideias que deram certo.
Isso cria um padrão mental: “se minha ideia não parecer com isso, não vale a pena enviar.”
Prefira mostrar o caminho, não o modelo:
- “Ideias podem ser simples, mas com impacto local”
- “Preferimos sugestões que possam ser testadas em 14 dias”
- “Vale pensar em melhorias pequenas, com efeito de escala”
O objetivo não é filtrar por complexidade — é orientar por viabilidade e relevância.
Esses ajustes criam um efeito importante: menos ruído, mais clareza, mais retorno.
E, principalmente, ajudam a construir um programa onde quem propõe sente que participou com propósito — não só preencheu um formulário.
Conclusão: a qualidade das ideias revela a maturidade do sistema
A baixa qualidade de ideias em um programa de inovação não revela imaturidade do colaborador — revela a maturidade (ou falta dela) do sistema de escuta.
Se pedimos ideias de qualquer coisa, de qualquer jeito, em qualquer momento… o que recebemos é exatamente isso: qualquer coisa.
Boas ideias não aparecem.
Elas são provocadas.
E se queremos elevar o nível da contribuição, precisamos antes elevar o nível da pergunta.
Empresas que estruturam a captura com foco, critério leve e contexto claro colhem sugestões mais relevantes, mais viáveis e mais alinhadas com o que o negócio precisa.
E mais: educam sua cultura para pensar melhor — sem precisar controlar ou restringir.
No fim, um programa de inovação maduro não tem só muitas ideias.
Tem ideias certas chegando com frequência — porque o sistema sabe pedir com inteligência.
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