Introdução: Nem sempre é fácil inovar — e tudo bem
Vamos ser sinceros: por mais que as ferramentas de inovação sejam incríveis na teoria, sua aplicação prática dentro das empresas pode ser… desafiadora. E isso é mais comum do que parece.
A empolgação inicial muitas vezes esbarra em resistências culturais, falta de tempo, dificuldades técnicas e desalinhamentos estratégicos. O resultado? Ferramentas que ficam na gaveta, ideias que não saem do papel e equipes frustradas.
Mas reconhecer essas dores é o primeiro passo para superá-las. Afinal, inovar não é sobre ter tudo pronto — é sobre criar espaço para aprender, ajustar e evoluir com consistência.
Obstáculo 1: Falta de entendimento sobre o propósito da ferramenta
Imagine a seguinte cena: uma equipe é convidada para uma reunião de inovação. Alguém coloca um canvas na parede, distribui post-its e diz “vamos preencher isso”. Mas ninguém realmente entende para que serve aquela ferramenta, como ela se conecta ao problema real, ou o que se espera daquele momento. Resultado? Participação baixa, desinteresse e confusão.
Essa falta de entendimento é mais comum do que parece, e muitas vezes nasce da ideia de que basta aplicar a ferramenta “como está no manual”. Mas sem contexto, até a melhor metodologia perde força.
As ferramentas de inovação foram criadas para facilitar o pensamento estratégico, estruturar ideias e acelerar decisões. Mas elas só fazem isso se forem bem apresentadas. Ou seja, o facilitador precisa ser também um tradutor de intenção: explicar com clareza o problema a ser resolvido, o motivo da escolha da ferramenta e o que se deseja obter ao final da atividade.
Vamos a um exemplo prático. A Matriz de Esforço vs. Impacto, muito usada para priorizar ideias, pode parecer simples — e é. Mas sem um alinhamento prévio sobre o que será avaliado como “impacto” e o que se entende por “esforço”, as interpretações vão variar, os debates ficam vagos e o processo perde credibilidade.
Como resolver isso na prática?
- Sempre comece qualquer aplicação com um breve “para que serve” e “por que estamos usando isso agora”.
- Traga exemplos reais de uso daquela ferramenta em outros contextos ou empresas.
- Use perguntas-guia ao longo da dinâmica para manter o foco e ajudar os participantes a entender o raciocínio.
A clareza de propósito é o que transforma uma ferramenta em instrumento de transformação — e não apenas em uma atividade isolada de equipe.
Obstáculo 2: Falta de tempo ou prioridade no dia a dia
Esse talvez seja o obstáculo mais comum — e também o mais difícil de enfrentar sem estratégia. Em muitas organizações, o ritmo é tão acelerado que a inovação se torna “um luxo” relegado ao fim da fila de prioridades. Quando aparece um novo projeto, a resposta padrão é: “não temos tempo para isso agora”.
E esse “agora” pode durar meses. Ou anos.
Esse cenário é agravado por um equívoco comum: o de que inovar é algo extra, um esforço separado das atividades do dia a dia. Mas, na verdade, as ferramentas de inovação são formas mais eficientes e criativas de resolver os mesmos problemas que já estão na rotina da empresa.
Empresas que conseguiram incorporar a inovação no cotidiano não o fizeram criando departamentos isolados ou contratando consultorias caríssimas. Elas fizeram isso ao trazer as ferramentas para dentro das operações existentes.
Exemplo: ao invés de fazer uma reunião convencional para discutir melhorias em um processo, a empresa pode utilizar um canvas de problemas, ou uma dinâmica de ideação rápida, conduzida em 20 minutos com foco claro. O impacto disso é imediato: maior engajamento, soluções mais criativas e sensação de participação.
Outra estratégia é trabalhar com sprints curtos de inovação, como ciclos quinzenais ou mensais com desafios específicos. Isso ajuda a criar cadência, sem competir com os projetos mais longos.
E como o Quiker pode ajudar nisso? A plataforma oferece programas de ideias gamificados e integrados ao fluxo de trabalho da empresa, com notificações, rankings e painéis simples que facilitam o acompanhamento e a gestão. Isso reduz o atrito da adoção e faz com que a inovação deixe de ser uma tarefa extra — passando a ser parte da rotina.
Obstáculo 3: Falta de capacitação ou preparo das equipes
Um dos maiores entraves à aplicação eficaz de ferramentas de inovação é a falta de preparo técnico e emocional das pessoas envolvidas. Isso pode parecer trivial, mas representa uma barreira estrutural para muitas organizações. Afinal, como se espera que uma equipe aplique bem o Design Thinking, por exemplo, se ninguém foi introduzido ao conceito de empatia, experimentação ou pensamento não linear?
É comum encontrar empresas que compram livros, contratam consultores ou até participam de workshops de inovação, mas que falham em disseminar esse conhecimento de maneira prática e contínua. O resultado? Um efeito “pílula de motivação” que dura pouco e não deixa legado.
Segundo a pesquisa “State of Innovation 2023” da Capgemini, apenas 19% das empresas entrevistadas afirmam que suas equipes estão preparadas para aplicar metodologias de inovação com autonomia. Isso revela uma lacuna clara entre intenção e capacidade operacional.
Esse desafio não está relacionado apenas ao conhecimento técnico das ferramentas, mas também à autoconfiança dos times. Muitos colaboradores não se sentem confortáveis em participar de processos criativos por medo de errar, parecerem “fora da caixa demais” ou não dominarem o vocabulário da inovação.
É aí que entra a importância de criar uma jornada de aprendizagem acessível, prática e humanizada.
Como enfrentar esse desafio com eficácia:
- Comece pelo simples: em vez de despejar uma série de metodologias de uma vez, priorize ferramentas de fácil assimilação, como brainstorming estruturado, matriz CSD ou mapa de empatia. Isso ajuda os times a ganharem confiança rapidamente.
- Formações aplicadas ao contexto real: a capacitação deve partir de problemas e desafios reais da empresa. Isso torna o aprendizado significativo e gera valor imediato.
- Crie embaixadores internos de inovação: treine algumas pessoas com mais profundidade para atuarem como facilitadores e pontos de apoio. Isso reduz a dependência de consultorias externas e fortalece a cultura.
- Use plataformas com suporte embutido: soluções como a Quiker oferecem templates prontos, tutoriais interativos e dicas em tempo real dentro da própria plataforma. Isso reduz a curva de aprendizado e torna a inovação mais acessível a todos.
- Valorize o erro como parte do processo: inovação envolve tentativa, erro e aprendizado. Estimular esse tipo de mentalidade — o chamado growth mindset — é crucial para liberar o potencial criativo das equipes.
O caminho para uma organização inovadora passa, inevitavelmente, por um time preparado. Não se trata de transformar todos em especialistas em metodologias, mas de garantir que todos tenham ferramentas mínimas, segurança psicológica e clareza para contribuir com confiança.
Obstáculo 4: Falta de continuidade e acompanhamento
A inovação não é um evento — é um processo. E talvez por isso, um dos obstáculos mais frustrantes enfrentados por líderes de inovação seja a dificuldade em manter a consistência ao longo do tempo. Muitas empresas até começam bem: realizam workshops, lançam desafios, promovem hackathons internos… mas depois da empolgação inicial, tudo esfria. As ideias ficam engavetadas, os resultados não são acompanhados, e os colaboradores passam a ver a inovação como mais uma “moda corporativa passageira”.
Essa falta de continuidade costuma ocorrer por dois motivos principais: ausência de um sistema de gestão do ciclo de inovação e falta de clareza sobre como mensurar progresso e valor.
Segundo a pesquisa “Innovation Matters”, da Bain & Company, apenas 12% das empresas afirmam conseguir escalar suas iniciativas de inovação com consistência. E o fator mais citado como causa é justamente a falta de governança e acompanhamento estruturado das ideias após sua geração.
Isso não significa que é preciso burocratizar a inovação, mas sim criar mecanismos claros e simples para transformar ideias em ações, e ações em aprendizados.
Como enfrentar esse desafio na prática:
- Estabeleça ciclos contínuos de inovação
Transforme as ações de inovação em uma prática recorrente, com fases bem definidas (ideação, priorização, prototipagem, validação e implementação). Essa cadência ajuda a manter a inovação viva e mensurável. - Documente e monitore as ideias em tempo real
Crie registros de ideias com critérios padronizados, status de desenvolvimento e responsáveis. Isso pode ser feito em planilhas no início, mas rapidamente se torna mais eficaz com plataformas dedicadas como a Quiker, que automatiza esse fluxo. - Use indicadores claros e tangíveis
Mensure não apenas o resultado final (como retorno financeiro), mas também o processo. Número de ideias, taxa de implementação, engajamento por área e tempo médio de ciclo são indicadores poderosos. - Compartilhe aprendizados — inclusive os “fracassos”
Transparência sobre o que funcionou ou não em cada ciclo fortalece a cultura de melhoria contínua e tira o medo do erro como tabu. - Crie uma governança leve, mas firme
Tenha um comitê ou grupo responsável por revisar os ciclos, aprovar ideias e garantir o avanço das iniciativas. Isso evita que a inovação dependa exclusivamente da “boa vontade” dos envolvidos. - Integre a inovação à estratégia da empresa
A inovação deve estar conectada aos objetivos estratégicos — e não ser um universo à parte. Quando as lideranças veem a inovação como meio de entregar resultados concretos, o acompanhamento passa a ser natural.
Ferramentas, por si só, não garantem continuidade. Mas quando elas estão conectadas a um processo estruturado, a indicadores bem definidos e a uma plataforma como a Quiker — que facilita visualmente esse acompanhamento — elas deixam de ser pontuais e passam a sustentar um ciclo virtuoso de inovação.
Obstáculo 5: Falta de patrocínio da liderança
Por mais que uma organização tenha pessoas talentosas, ferramentas modernas e até vontade de inovar, sem o apoio da liderança, a inovação dificilmente ganha força para prosperar. E esse é um dos gargalos mais silenciosos — mas também mais potentes — que travam a cultura de inovação nas empresas.
A falta de patrocínio da liderança pode assumir diferentes formas:
- A alta gestão “apoia a inovação”, mas não destina recursos reais.
- Líderes diretos não dão espaço na agenda para times participarem de iniciativas inovadoras.
- Falta reconhecimento ou valorização das contribuições criativas dos colaboradores.
- A empresa cobra inovação, mas pune o erro com dureza, inibindo o comportamento experimental.
Segundo o estudo “The Future of Innovation” da KPMG, apenas 22% dos profissionais de inovação dizem ter o envolvimento consistente da alta liderança nas iniciativas que conduzem. Isso mostra um abismo entre discurso e prática, que mina a credibilidade dos programas e desmotiva os colaboradores.
A verdade é que inovar exige coragem — e essa coragem começa no topo. Líderes precisam entender que inovação não é sobre “permitir coisas diferentes”, mas sim liderar com visão, dar o exemplo e remover barreiras para que a inovação aconteça de forma natural e sustentável.
Como transformar esse cenário:
- Engaje a liderança desde o início
Envolver os líderes no processo de definição de desafios, na escolha das ferramentas e na análise dos resultados faz com que se sintam parte e não apenas “espectadores” do processo. Isso aumenta o comprometimento. - Mostre resultados com linguagem de negócio
A inovação deve ser traduzida em indicadores que a liderança entenda: ganho de eficiência, impacto no NPS, redução de custos, tempo de resposta ao mercado, etc. Com dados, a inovação deixa de ser “abstrata” e passa a ser estratégica. - Crie espaços para líderes participarem ativamente
Sessões de cocriação, bancas de seleção de ideias ou mentorias em programas de intraempreendedorismo são ótimos pontos de contato entre liderança e inovação. A presença ativa gera legitimidade e inspiração. - Ofereça formação para lideranças sobre o papel delas na inovação
Muitos gestores não sabem exatamente como apoiar a inovação — e isso é normal. Promover trilhas de desenvolvimento para líderes inovadores é um caminho efetivo. Isso pode incluir treinamentos sobre gestão da mudança, psicologia da inovação e liderança para ambientes complexos. - Use plataformas que envolvam a liderança no processo
Soluções como a Quiker permitem que líderes acompanhem os ciclos de inovação, visualizem o andamento das ideias e contribuam de forma pontual, sem sobrecarregar sua rotina. Isso os aproxima do processo sem torná-lo pesado.
Empresas que têm líderes comprometidos com a inovação colhem resultados expressivos — não apenas em novos produtos, mas em clima organizacional, retenção de talentos e diferenciação no mercado.
Como diz a frase atribuída a Peter Drucker: “A cultura come a estratégia no café da manhã”. Mas é a liderança quem define o cardápio.
Conclusão: Inovar é um caminho de aprendizado — não de perfeição
Se há algo que aprendemos ao observar empresas verdadeiramente inovadoras é que elas não têm todas as respostas — mas têm estrutura, cultura e coragem para buscar soluções de forma contínua. Ferramentas de inovação são como trilhas: elas não garantem o destino, mas oferecem um caminho mais seguro, claro e colaborativo para chegar até lá.
Os obstáculos que exploramos neste artigo — falta de entendimento, tempo, preparo, continuidade e patrocínio — são reais e comuns. Mas nenhum deles é definitivo. Com ações estruturadas, lideranças engajadas e plataformas que facilitem o processo, como a Quiker, é possível superar cada um deles e construir uma cultura de inovação viva e produtiva.
Mais do que aplicar metodologias, inovar é sobre mudar a forma como lidamos com desafios, como ouvimos pessoas, como experimentamos ideias e como aprendemos com os próprios erros. E para isso, as ferramentas são nossas grandes aliadas.
Lembre-se: toda empresa pode inovar. Mas as que inovam de verdade são aquelas que transformam boas intenções em processos repetíveis, acessíveis e mensuráveis. E esse é um jogo que se vence com consistência, não com pressa.