Gestão de riscos em inovação: o que a ISO 56002 ensina

Por que a gestão de riscos é essencial em inovação

Inovar é, por natureza, uma atividade que envolve riscos. Não há como criar algo novo — seja um produto, serviço, processo ou modelo de negócio — sem enfrentar incertezas. É como explorar um novo território: você sabe onde quer chegar, mas não conhece completamente o caminho. E tudo bem. Isso faz parte do processo.

O problema surge quando os riscos não são reconhecidos, nem gerenciados. A falta de uma abordagem estruturada pode transformar boas ideias em projetos mal-sucedidos, gerar desperdícios, travar o engajamento interno ou, pior ainda, abalar a confiança da liderança na inovação como estratégia.

É por isso que a gestão de riscos precisa ser tratada como parte integral do sistema de inovação — e não como um “freio” à criatividade. Quando bem aplicada, ela funciona como um guia, ajudando a empresa a fazer apostas mais inteligentes, priorizar melhor e ajustar rotas com agilidade.

De acordo com um estudo da PwC (2023), organizações que possuem processos maduros de gestão de riscos em inovação conseguem lançar projetos com 36% menos desperdício de recursos e 2x mais chances de escalar suas soluções com sucesso.

É aqui que entra a ISO 56002 — uma norma que propõe um modelo prático e sistêmico para inovar com responsabilidade, sem sufocar a ousadia.

Vamos entender o que ela nos ensina?

O que a ISO 56002 diz sobre riscos em inovação

A ISO 56002 parte de uma premissa fundamental: não existe inovação sem risco. Por isso, ela não propõe evitar os riscos — e sim compreendê-los, tratá-los com inteligência e utilizá-los como insumo para decisões melhores. Inovar é lidar com o desconhecido, e o desconhecido precisa de método.

Na prática, a norma recomenda que o sistema de gestão da inovação da empresa incorpore, de forma integrada, a identificação, a avaliação e o tratamento dos riscos associados a ideias, projetos, parceiros e estratégias.

Mas ela vai além da técnica — ela também trata da mentalidade. A ISO 56002 propõe uma cultura organizacional que não puna o erro, mas que o transforme em aprendizado. Que promova a coragem responsável, o pensamento crítico e a adaptabilidade.

Como a norma orienta a gestão de riscos?

Princípio da adaptabilidade

A ISO 56002 considera a adaptabilidade um dos pilares da inovação bem-sucedida. E isso tem tudo a ver com a forma como gerenciamos riscos.

O ambiente de inovação é dinâmico por natureza. Mudanças no comportamento do consumidor, novas regulações, pressões competitivas ou ajustes internos podem alterar o cenário de um projeto do dia para a noite.

Por isso, a norma orienta que empresas desenvolvam processos flexíveis, que permitam ajustes rápidos — sem burocracia excessiva ou medo de mudar de rota.

Adaptabilidade, aqui, não significa agir sem planejamento. Pelo contrário: é agir com consciência diante de novas informações.

Organizações inovadoras criam espaço para testar hipóteses, revisar prioridades e escutar diferentes pontos de vista ao longo do caminho. Essa mentalidade ajuda a reduzir impactos negativos e aumentar a resiliência frente à incerteza.


Pensamento baseado em evidências

Evitar o “achismo” é uma regra de ouro na ISO 56002 — especialmente quando o assunto é risco.

A norma recomenda que decisões em inovação sejam baseadas em dados reais: protótipos, testes, validações com clientes, pesquisas de mercado e aprendizados acumulados.

Esse tipo de abordagem permite avaliar os riscos com mais clareza, entender sua origem e mensurar sua real gravidade.

Por exemplo, antes de classificar uma ideia como “arriscada demais”, vale realizar um experimento controlado. Um piloto, uma entrevista em profundidade, um teste A/B.

Essas evidências alimentam decisões mais bem informadas, reduzem desperdícios e fortalecem a confiança dos times e da liderança.

Gerenciar riscos com base em evidências não significa eliminar todas as incertezas. Significa tomar decisões melhores, mesmo com elas.


Abordagem sistêmica

Para a ISO 56002, risco não é um assunto à parte — é parte do todo.

A norma orienta que a gestão de riscos seja integrada ao ciclo completo da inovação. Da ideia ao piloto. Do planejamento ao escalonamento.

Cada fase apresenta riscos diferentes:

  • Estratégicos, na hora de escolher prioridades
  • Técnicos, durante o desenvolvimento
  • Financeiros e operacionais, na hora de implementar
  • Culturais, quando se trata de adoção interna

Ter uma abordagem sistêmica significa identificar esses riscos em cada etapa e tratá-los com coerência, conectando áreas, pessoas e decisões.

Essa integração ajuda a manter o fluxo de inovação saudável, sem surpresas escondidas e com maior capacidade de resposta.

Mais do que uma “etapa do processo”, a gestão de riscos precisa ser um pilar transversal da cultura de inovação organizacional.

Tipos de riscos que afetam iniciativas de inovação

Inovar é navegar em águas pouco mapeadas. E embora isso traga oportunidades incríveis, também expõe as empresas a riscos diversos — nem sempre evidentes à primeira vista.

Com base na ISO 56002 e nas boas práticas de gestão da inovação, podemos organizar os principais riscos em quatro grandes grupos:


1. Riscos de mercado

Riscos de mercado ocorrem quando a inovação não encontra aderência no público ou no contexto externo. Mesmo uma solução tecnicamente avançada pode falhar se os clientes não perceberem seu valor ou se o momento de entrada no mercado for mal escolhido.

Exemplos comuns incluem produtos lançados antes de o mercado estar preparado, serviços mal posicionados ou soluções que resolvem problemas irrelevantes para o público-alvo. Além disso, concorrência inesperada ou mudanças regulatórias também podem impactar negativamente.

Para mitigar esses riscos, é fundamental investir em validação antecipada. Pesquisas qualitativas, entrevistas com usuários e testes de conceito ajudam a ajustar a proposta de valor. O uso de MVPs (produtos mínimos viáveis) permite colocar ideias à prova com baixo custo e alto aprendizado.

A chave é aprender com o mercado antes de investir pesado. Ou seja, testar cedo, ouvir rápido e adaptar sempre.


2. Riscos técnicos

Inovações muitas vezes desafiam a capacidade técnica atual da empresa. Isso pode incluir tecnologias não dominadas, falta de infraestrutura ou equipes sem o conhecimento necessário para transformar uma ideia em realidade.

Esses riscos se manifestam em atrasos, falhas técnicas, baixo desempenho da solução ou até inviabilidade do projeto. São particularmente comuns em áreas como IoT, inteligência artificial, automação e digitalização de processos complexos.

Para tratá-los, é recomendável adotar uma abordagem iterativa. Protótipos, simulações e provas de conceito ajudam a avaliar se a ideia é tecnicamente viável e onde estão os principais desafios. Além disso, envolver especialistas desde a fase inicial reduz surpresas desagradáveis no caminho.

Também é importante mapear dependências críticas: tecnologias externas, fornecedores estratégicos e integrações com sistemas legados.

O objetivo não é evitar toda incerteza técnica — mas entender seus limites e se preparar para superá-los com realismo e planejamento.


3. Riscos organizacionais e culturais

Esse tipo de risco está mais ligado à resistência interna do que à ideia em si. Mesmo as inovações mais promissoras podem fracassar se a cultura organizacional não estiver pronta para recebê-las.

Muitas vezes, áreas operacionais resistem a mudanças por medo, falta de informação ou sobrecarga de demandas. Em outros casos, a liderança não se compromete ou existe um histórico de projetos que “não deram em nada”, o que gera desconfiança.

Esse tipo de barreira pode gerar boicotes sutis, baixa adesão ou dificuldade para escalar soluções.

Para mitigar esses riscos, a ISO 56002 sugere envolver diferentes áreas desde o início, criando um ambiente de cocriação e transparência. Trabalhar a comunicação interna e criar narrativas de valor ajudam a engajar os times.

Outra prática eficaz é tratar falhas como parte do processo, não como algo a ser punido. Quando há segurança psicológica, as pessoas se sentem mais à vontade para colaborar e experimentar.


4. Riscos financeiros e estratégicos

Inovar exige investimento — de tempo, dinheiro e foco. O risco financeiro surge quando os recursos alocados não geram retorno, ou quando o esforço da inovação compromete iniciativas prioritárias.

Isso pode acontecer por falta de priorização, apostas mal calculadas ou projetos desalinhados com a estratégia da organização. Em muitos casos, o entusiasmo inicial ofusca a avaliação de viabilidade, e ideias pouco conectadas aos objetivos da empresa consomem energia sem gerar valor.

Para mitigar esse tipo de risco, é essencial adotar critérios de seleção rigorosos, vinculados à estratégia e às metas de longo prazo. A gestão de portfólio se torna fundamental para equilibrar projetos incrementais e transformadores, avaliando esforço, impacto e alinhamento estratégico.

Também é importante acompanhar indicadores como ROI da inovação, custo por projeto e taxa de conversão de ideias em valor real.

Gerenciar risco financeiro não é cortar inovação — é garantir que cada iniciativa contribua para o que realmente importa.

Como aplicar a gestão de riscos com base na ISO 56002

A ISO 56002 oferece diretrizes claras para integrar a gestão de riscos ao processo de inovação. O foco não é burocratizar ou engessar as iniciativas, mas sim criar uma estrutura que permita agir com mais consciência, segurança e velocidade. A seguir, veja como aplicar esse conceito na prática, passo a passo.


1. Identifique riscos desde o início

A gestão de riscos começa na fase de ideação. Assim que uma proposta surge, é fundamental levantar as principais incertezas e obstáculos potenciais. Isso pode ser feito com checklists simples, workshops com equipes diversas ou ferramentas como análise SWOT e matriz de riscos.

A ideia não é prever tudo, mas criar uma consciência coletiva sobre os pontos críticos. Quanto mais cedo os riscos forem reconhecidos, mais barato e fácil será lidar com eles.


2. Avalie riscos com base em impacto e probabilidade

Depois de identificar, é hora de avaliar. A ISO 56002 sugere que os riscos sejam analisados com base em duas dimensões principais: impacto (se acontecer, quão grave é?) e probabilidade (qual a chance de acontecer?).

Com isso, é possível classificá-los em níveis de prioridade e decidir onde concentrar esforços de mitigação.

Ferramentas como a matriz de risco 2×2 (baixo/alto impacto x baixa/alta probabilidade) ou análises mais detalhadas (como FMEA) ajudam a trazer objetividade para essa etapa.


3. Planeje ações de mitigação ou resposta

Riscos não devem apenas ser listados — eles precisam de um plano. Com base na avaliação anterior, determine ações preventivas (para evitar que o risco aconteça) e corretivas (para lidar com o impacto, caso aconteça).

Esse plano deve ter responsáveis definidos, prazos e formas de acompanhamento. Nem todos os riscos precisam de resposta imediata — mas os mais críticos, sim.

A ISO 56002 sugere que esse planejamento esteja integrado à gestão de portfólio, às revisões de projeto e aos ciclos de aprendizado contínuo.


4. Monitore continuamente e aprenda com os riscos

A gestão de riscos não é um evento pontual. Ela precisa ser revista em cada etapa do projeto, com atualizações baseadas em novos dados, mudanças de cenário e aprendizados.

A ISO 56002 orienta que os riscos sejam registrados, acompanhados e revisados com frequência — como parte natural do ciclo de inovação.

Além disso, é importante criar uma cultura onde os riscos que se concretizaram gerem aprendizado e melhoria contínua. Isso fortalece a maturidade do sistema de inovação e reduz a repetição de erros ao longo do tempo.



Aplicar a gestão de riscos com base na ISO 56002 não significa frear a inovação — significa dar a ela o apoio necessário para avançar com confiança, agilidade e foco estratégico.

Boas práticas para tratar riscos sem travar a inovação

Gerenciar riscos com responsabilidade não significa eliminar a ousadia. Pelo contrário: as organizações mais inovadoras são justamente aquelas que sabem equilibrar ambição com consciência dos riscos. Elas não deixam de tentar, mas aprendem a tentar melhor.

A ISO 56002 apoia essa visão ao propor práticas que ajudam a lidar com riscos de forma construtiva — sem paralisar o processo criativo. A seguir, algumas dessas boas práticas:


1. Estabeleça níveis de tolerância ao risco

Nem todo risco precisa ser evitado. Algumas incertezas são naturais em projetos inovadores — e, muitas vezes, até desejáveis. O segredo está em saber até onde ir.

Definir níveis de tolerância ao risco por tipo de projeto (incremental, radical, estratégico) ajuda a dar clareza para as equipes e evita que decisões fiquem travadas por medo ou insegurança.

Essa prática também facilita o diálogo com a liderança, mostrando que os riscos foram avaliados e estão sendo monitorados dentro de um limite aceitável.


2. Estimule o aprendizado contínuo a partir de falhas

A ISO 56002 reforça que erros fazem parte da jornada de inovação. A questão não é evitar falhas a todo custo, mas aprender com elas de forma rápida e estruturada.

Empresas inovadoras criam rituais de aprendizado: pós-mortems, análises de causa raiz, ciclos de feedback e compartilhamento de lições aprendidas.

Esse tipo de prática transforma falhas em ativo estratégico. Ajuda a evitar repetição de erros, fortalece a cultura de melhoria contínua e aumenta a confiança no processo.


3. Promova decisões rápidas e revisões constantes

Inovação precisa de velocidade — e isso também vale para lidar com riscos. Esperar por “certeza total” pode custar tempo e competitividade.

Por isso, uma boa prática é promover decisões ágeis com base nas melhores evidências disponíveis no momento. Se necessário, corrigir a rota depois.

A ISO 56002 sugere ciclos curtos de decisão e revisão. Isso permite experimentar mais, ajustar mais rápido e reduzir o impacto de eventuais falhas.

Além disso, revisões frequentes dos riscos ao longo do projeto ajudam a manter o controle sem engessar o processo.



Tratar riscos com inteligência não significa travar a inovação. Significa criar um ambiente onde é possível ousar com consciência, ajustar com agilidade e crescer com segurança. É isso que diferencia empresas que inovam com consistência daquelas que apenas experimentam sem direção.

O papel da liderança na gestão de riscos da inovação

A ISO 56002 é clara: a liderança tem papel central na construção de um ambiente favorável à inovação — e isso inclui lidar com riscos de forma madura e estratégica.

Quando os líderes assumem esse papel, o impacto é profundo: as equipes se sentem seguras para propor ideias, os erros deixam de ser tratados como fracassos pessoais, e a inovação passa a ser reconhecida como uma construção coletiva.


1. Patrocinar uma cultura de segurança psicológica

Inovar envolve correr riscos. Mas se as pessoas sentem que podem ser punidas por errar, elas simplesmente não vão tentar.

A liderança precisa garantir que exista segurança psicológica: um ambiente em que as pessoas se sintam autorizadas a errar, aprender e compartilhar sem medo de julgamento.

Isso se constrói com atitudes do dia a dia: escutar sem interromper, acolher dúvidas e reconhecer tentativas, mesmo quando os resultados não são os esperados.


2. Integrar riscos ao processo decisório estratégico

Riscos não devem ser tratados apenas nas “trincheiras” dos projetos. Eles precisam estar no radar da liderança — não como problema, mas como insumo para decisões mais bem informadas.

Quando os líderes participam da priorização de projetos com base em risco e retorno, ajudam a direcionar os investimentos de forma mais eficiente. Mais do que aprovar ideias, líderes precisam ajudar a escolher quais ideias valem a pena ser arriscadas.

A ISO 56002 sugere fóruns de decisão com participação da liderança, baseados em dados e critérios transparentes. Isso traz legitimidade e foco para todo o sistema.


3. Inspirar pelo exemplo e pela coerência

Por fim, líderes são exemplos vivos da cultura da empresa. Se eles valorizam o aprendizado, assumem riscos calculados e apoiam suas equipes mesmo quando algo dá errado, esse comportamento se multiplica.

Por outro lado, se cobram resultados imediatos, punem falhas ou ignoram sinais de risco, rapidamente minam o clima de inovação.

O compromisso da liderança com a gestão de riscos não está só nas reuniões ou nos relatórios. Ele se mostra no discurso e na prática. Todos os dias.



Na inovação, o maior risco não é errar — é não tentar. E cabe à liderança criar as condições para que a organização ouse com responsabilidade, aprenda com velocidade e evolua com consistência. Esse é um dos grandes legados da ISO 56002.

Como a Quiker apoia a gestão de riscos em projetos inovadores

Gerenciar riscos em inovação exige agilidade, clareza e coordenação entre diferentes áreas e níveis da organização. É exatamente aí que a Quiker entra: como uma plataforma que integra inovação, estratégia e gestão de riscos em um único ambiente, apoiando o que a ISO 56002 propõe de forma direta.

A seguir, veja como ela facilita esse processo:


1. Visibilidade clara dos riscos em cada projeto

A Quiker permite registrar e acompanhar riscos diretamente dentro do projeto de inovação, desde as primeiras ideias até a implementação.

Cada risco pode ser descrito, classificado por impacto e probabilidade, e vinculado a planos de ação preventivos ou corretivos. Isso evita que riscos fiquem “na cabeça” de alguém ou perdidos em e-mails — tudo fica visível para as pessoas certas, no momento certo.

Essa rastreabilidade fortalece a governança e garante que as decisões sejam baseadas em dados e histórico real.


2. Gestão integrada com o portfólio de inovação

Um diferencial da plataforma é permitir que os riscos não sejam vistos isoladamente, mas dentro do contexto do portfólio como um todo. Ou seja: é possível analisar quais projetos concentram mais riscos, quais estão em zonas seguras, e como isso se relaciona com os objetivos estratégicos da empresa.

Isso ajuda os gestores a balancear o portfólio, alocar recursos com mais precisão e manter o equilíbrio entre ousadia e segurança.

Com essa visão sistêmica, os riscos deixam de ser obstáculos e passam a ser variáveis de decisão estratégica.


3. Acompanhamento contínuo e registro de aprendizados

A Quiker também oferece ferramentas para monitorar riscos ao longo do tempo, atualizando status, acompanhando entregas de mitigação e gerando relatórios automáticos com alertas personalizados.

Além disso, ela permite registrar aprendizados ao final de cada ciclo ou projeto, criando uma base de conhecimento viva, acessível e integrada ao sistema de inovação.

Isso fortalece a cultura de aprendizado contínuo e evita a repetição de erros — um dos pilares da maturidade em inovação segundo a ISO 56002.



Com a Quiker, a gestão de riscos em inovação deixa de ser informal e reativa, e se transforma em uma prática estruturada, visual e colaborativa. Ela conecta os pontos entre estratégia, execução e aprendizado — tudo o que a ISO 56002 propõe como modelo de excelência.

FAQ sobre gestão de riscos e ISO 56002


1. A ISO 56002 exige que todo projeto de inovação tenha um plano de risco?

Não de forma obrigatória, mas a norma recomenda fortemente que a gestão de riscos esteja integrada a todas as etapas do processo de inovação. Isso significa mapear e tratar os riscos relevantes desde a ideação até a implementação, adaptando a abordagem conforme o nível de incerteza e complexidade de cada iniciativa.


2. Como lidar com riscos em ideias ainda não validadas?

Mesmo em estágios iniciais, é possível (e desejável) identificar riscos. A recomendação é tratar riscos como hipóteses que precisam ser testadas. Por exemplo, “e se o cliente não enxergar valor?” ou “e se a tecnologia não escalar?”. Esses riscos podem ser explorados por meio de protótipos, entrevistas ou testes de conceito.


3. O gerenciamento de riscos pode atrapalhar a criatividade?

Não, desde que seja feito com equilíbrio. A ISO 56002 não propõe controle excessivo, mas sim clareza e consciência. Quando os riscos são compreendidos e tratados de forma adequada, a organização cria um ambiente mais seguro para ousar — e não o contrário.


4. Quem é responsável pela gestão de riscos nos projetos de inovação?

Idealmente, a responsabilidade é compartilhada entre os times de inovação, as áreas envolvidas e a liderança. A ISO 56002 sugere uma abordagem sistêmica, onde cada etapa do projeto tem um responsável pelos riscos associados — e a alta gestão apoia com políticas, prioridades e recursos.


5. A ISO 56002 se conecta com outras normas de risco, como a ISO 31000?

Sim. A ISO 56002 é compatível com outras normas de gestão, incluindo a ISO 31000 (gestão de riscos corporativos). Elas podem ser integradas, permitindo que a empresa trate inovação com a mesma maturidade que outras áreas estratégicas, mas com flexibilidade adequada ao seu contexto.


6. Como saber se estou tratando os riscos “na medida certa”?

Um bom indicador é observar se os riscos estão sendo identificados, monitorados, discutidos com frequência e transformados em aprendizado. Se isso estiver acontecendo sem paralisar decisões ou desmotivar equipes, você provavelmente encontrou o equilíbrio ideal.

Conclusão – Inovar com coragem, mas com método

A inovação sempre envolverá riscos. Isso é inevitável — e, em muitos casos, necessário. Afinal, não se cria o novo sem sair da zona de conforto. Mas o segredo das empresas que realmente inovam com consistência está em como elas lidam com esses riscos: de forma estruturada, consciente e conectada à estratégia.

A ISO 56002 nos ensina que a gestão de riscos não é sobre dizer “não” à incerteza, mas sobre construir um ambiente em que seja possível tentar, errar, aprender e ajustar com segurança. Ela oferece um caminho para transformar o risco em ativo, e não em ameaça.

Quando a gestão de riscos faz parte do sistema de inovação, a empresa ganha agilidade para reagir, confiança para decidir e solidez para escalar o que dá certo. Os erros deixam de ser tabus e passam a ser insumos de melhoria contínua. E o medo de inovar cede lugar à responsabilidade de inovar bem.

Com método, governança e cultura colaborativa, é possível ousar com consciência, liderar com visão e crescer com consistência. Esse é o equilíbrio que toda empresa precisa buscar.

A boa notícia? Esse caminho existe — e começa com uma decisão: gestão de riscos como parte da inovação. E a ISO 56002 está aqui para guiar cada passo dessa jornada.