ISO 56002 e inovação aberta: como estruturar parcerias externas com método

Por que inovação aberta exige método e governança

Inovação aberta é muito mais do que trocar ideias com o mercado. Ela envolve criar, testar e escalar soluções em conjunto com parceiros externos — como startups, universidades, fornecedores, clientes e até concorrentes. É um jogo de colaboração intensa, com alta complexidade e riscos que vão muito além da esfera técnica.

Por isso, método e governança são indispensáveis. A falta de clareza sobre responsabilidades, objetivos, fluxos de trabalho e critérios de avaliação pode transformar uma boa oportunidade em um projeto frustrado. E, pior, pode abalar relações estratégicas e comprometer a confiança no ecossistema.

Segundo a Open Innovation Monitor 2023, publicado pela Fraunhofer IAO, mais de 60% das empresas que fracassaram em programas de inovação aberta apontam a ausência de estrutura como a principal causa. Isso inclui problemas como comunicação falha, desalinhamento de expectativas e ausência de critérios de seleção e acompanhamento de parceiros.

A ISO 56002 oferece um caminho estruturado para lidar com esse desafio. Ela orienta como integrar parceiros externos ao sistema de gestão da inovação, com diretrizes claras para colaboração, governança, medição de desempenho e compartilhamento de valor.

Com base nela, é possível transformar relações pontuais em alianças duradouras — e dar à inovação aberta a robustez que ela precisa para entregar resultados reais.

O que a ISO 56002 propõe sobre interação com partes interessadas

A inovação, por definição, acontece em rede. Muito do conhecimento necessário para resolver os desafios das organizações já está fora de seus muros — em startups, centros de pesquisa, clientes, comunidades ou fornecedores. Reconhecendo isso, a ISO 56002 trata com destaque a relação com as chamadas “partes interessadas” (stakeholders), propondo uma abordagem colaborativa, estruturada e orientada à criação de valor mútuo.


Colaboração como prática de gestão

A ISO 56002 não trata a colaboração externa como exceção, mas como parte essencial do sistema de inovação. Ela sugere que as organizações identifiquem, compreendam e integrem as partes interessadas relevantes ao longo de todo o processo de inovação.

Isso significa incluir parceiros já na fase de definição de desafios, nas etapas de desenvolvimento e, principalmente, na criação de mecanismos justos de distribuição de resultados. Quanto mais alinhadas estiverem as expectativas, maior a confiança e o compromisso com o sucesso conjunto.


Confiança como base da cocriação

Sem confiança, não há inovação aberta de verdade. A norma enfatiza a importância de construir relações baseadas em transparência, respeito à propriedade intelectual e definição clara de papéis e responsabilidades.

Esse ponto é especialmente crítico quando há desequilíbrio entre os parceiros — como grandes empresas e startups, por exemplo. A ISO 56002 ajuda a equilibrar essa relação, propondo critérios de avaliação técnica e mecanismos de feedback contínuo, que evitam rupturas ou dependência excessiva.


A escuta ativa como ferramenta estratégica

Outro ponto relevante da norma é a recomendação de ouvir continuamente os stakeholders. Isso inclui não apenas parceiros formais, mas também usuários, comunidades locais, reguladores e até concorrentes em ambientes de cocriação.

Esse exercício de escuta ativa gera insumos valiosos para antecipar riscos, validar hipóteses e adaptar soluções com mais agilidade. E, mais do que isso, fortalece o vínculo de confiança e amplia o potencial de inovação colaborativa.


A ISO 56002 entende que inovação aberta exige mais do que boa vontade: exige estrutura, respeito mútuo e compromisso com o valor compartilhado. Quando as partes interessadas são envolvidas com método, as chances de sucesso aumentam exponencialmente.

Tipos de parcerias na inovação aberta e seus desafios

Inovação aberta é uma estratégia versátil, que pode assumir diversas formas de parceria. A ISO 56002 reconhece essa diversidade e incentiva que cada relação seja estruturada de forma consciente, considerando os riscos, expectativas e o valor que cada parceiro pode gerar.

Veja abaixo os tipos mais comuns de parceria e os principais desafios associados a cada um:


Startups: agilidade e assimetria de estrutura

As startups são parceiras naturais da inovação aberta. Elas oferecem velocidade, ousadia e tecnologias emergentes. Porém, há um desafio recorrente: o descompasso entre estruturas e processos.

Empresas grandes tendem a operar com mais burocracia, enquanto startups esperam decisões rápidas. Essa diferença pode gerar frustração e travar o fluxo da colaboração.

A ISO 56002 sugere adaptar os processos para permitir pilotos rápidos, com critérios claros de sucesso e mecanismos de escalabilidade progressiva. Isso protege os dois lados e aumenta as chances de gerar valor real.


Universidades e centros de pesquisa: profundidade técnica e ciclos longos

Parcerias com universidades trazem conhecimento de ponta, mas geralmente envolvem processos acadêmicos mais lentos, foco em publicações e baixa orientação para resultados de negócio.

É essencial alinhar desde o início o escopo da pesquisa, os direitos de propriedade intelectual e o uso aplicado dos resultados. Criar um comitê técnico conjunto, com revisões regulares e metas compartilhadas, ajuda a alinhar ritmos e expectativas.

A ISO 56002 orienta a formalização desses acordos em contratos transparentes, com gestão clara do conhecimento gerado.


Hubs de inovação e aceleradoras: diversidade e filtragem

Hubs e aceleradoras atuam como pontes entre grandes empresas e startups, oferecendo curadoria e gestão do relacionamento. O risco, nesses casos, está em perder o controle da estratégia e depender excessivamente de intermediários.

Para evitar isso, a empresa deve atuar como protagonista, definindo seus critérios de seleção, métricas de sucesso e formas de engajamento com os parceiros.

A ISO 56002 sugere que os hubs sejam integrados ao sistema de inovação da empresa, e não tratados como projetos isolados ou “eventos de networking”.


Fornecedores e clientes: inovação na cadeia de valor

Parceiros da cadeia produtiva são fontes valiosas de inovação, especialmente em processos e modelos operacionais. O desafio aqui é romper o modelo tradicional de compra e venda e migrar para uma relação mais estratégica e colaborativa.

É necessário criar espaços para cocriação, prototipagem e definição conjunta de ganhos esperados. Transparência, confiança e indicadores compartilhados são essenciais.

A ISO 56002 reforça o papel dos stakeholders internos (compras, jurídico, operações) na viabilização dessas parcerias com visão de longo prazo.


Cada tipo de parceiro traz um potencial único — e também desafios específicos. Com base na ISO 56002, é possível estruturar cada relação de forma clara, estratégica e orientada à geração de valor mútuo.

Como estruturar parcerias com base na ISO 56002

Estabelecer uma parceria de inovação aberta vai muito além de assinar um contrato ou participar de um programa externo. Para que a colaboração gere valor real, é necessário estruturar todo o processo de forma estratégica, confiável e flexível, respeitando os princípios da ISO 56002.

A seguir, veja como aplicar esse método em quatro etapas fundamentais:


1. Defina objetivos e critérios de parceria

Toda boa parceria começa com clareza. Antes de buscar parceiros, a empresa deve ter definido quais desafios estratégicos quer resolver, que tipo de inovação deseja desenvolver e qual valor espera gerar.

Com base nesses objetivos, é possível estabelecer critérios de seleção claros, que vão além da empolgação com a novidade. Isso evita apostas desconectadas da estratégia ou escolhas baseadas apenas em afinidade.

A ISO 56002 recomenda envolver múltiplos stakeholders nessa etapa — inovação, negócios, jurídico, operações — para garantir um olhar completo.


2. Estruture o modelo de colaboração

Com o parceiro selecionado, é hora de definir como a parceria vai funcionar na prática.

Aqui entram pontos como: escopo, recursos disponíveis, prazos, entregáveis esperados, métodos de trabalho e formas de tomada de decisão. Um modelo bem estruturado evita ruídos e fortalece o compromisso entre as partes.

A ISO 56002 também sugere que se estabeleçam mecanismos de governança: quem aprova o quê? Como resolver conflitos? Como avaliar o progresso?

Essa clareza organizacional é essencial para manter a fluidez e o foco na criação de valor.


3. Formalize com contratos objetivos e flexíveis

Um erro comum é transformar a parceria em um processo puramente jurídico — ou, no outro extremo, deixar tudo informal. A ISO 56002 propõe o equilíbrio: contratos simples, objetivos e que registrem os principais acordos sem sufocar a experimentação.

É importante formalizar temas como:

  • Propriedade intelectual
  • Compartilhamento de dados
  • Regras de confidencialidade
  • Critérios de encerramento ou renovação

Tudo isso com flexibilidade para ajustes conforme o projeto evolui.


4. Monitore, aprenda e evolua juntos

A ISO 56002 enfatiza o papel da melhoria contínua nas parcerias. Isso significa acompanhar de perto os indicadores de sucesso, realizar checkpoints conjuntos e registrar os aprendizados gerados.

Ao final da parceria, mesmo que o resultado não tenha sido como o esperado, é fundamental analisar:

  • O que funcionou bem na relação?
  • O que poderia ser feito de forma diferente?
  • Que práticas devem ser mantidas ou revistas?

Esse processo fortalece o relacionamento, aumenta a maturidade da empresa em inovação aberta e gera insumos valiosos para futuras colaborações.


Parcerias bem estruturadas exigem clareza, confiança, formalização leve e aprendizado contínuo. A ISO 56002 oferece um roteiro realista e estratégico para transformar conexões externas em motores consistentes de inovação.

Boas práticas para escalar inovação aberta com consistência

Muitas empresas iniciam a inovação aberta com um piloto promissor, mas não conseguem ir além. A falta de processo, governança ou aprendizado compartilhado faz com que as iniciativas não evoluam ou fiquem limitadas a áreas isoladas. Para escalar a inovação aberta com consistência, é preciso combinar método, cultura colaborativa e estrutura organizacional.

Veja a seguir práticas-chave recomendadas pela ISO 56002 e aplicadas por empresas que já obtêm resultados sustentáveis com inovação aberta:


1. Estabeleça uma governança clara e adaptável

Para que parcerias externas ganhem escala, é preciso um modelo de governança que combine coordenação centralizada com liberdade local.

Isso significa ter um time ou comitê responsável por:

  • Definir critérios estratégicos de parceria
  • Monitorar o desempenho das iniciativas
  • Apoiar áreas internas na condução dos projetos

Ao mesmo tempo, as áreas devem ter autonomia para propor e liderar suas próprias conexões com o ecossistema.

A ISO 56002 recomenda que essa governança seja viva: com revisão constante e alinhamento com o planejamento estratégico.


2. Invista em curadoria e seleção de parceiros com foco estratégico

À medida que a inovação aberta cresce, surgem muitas oportunidades — mas nem todas são relevantes. Por isso, é essencial desenvolver um processo de curadoria que priorize qualidade, alinhamento estratégico e potencial de valor.

Boas práticas incluem:

  • Diagnóstico interno de desafios antes de buscar parceiros
  • Avaliação técnica e cultural dos candidatos
  • Ferramentas de scoring e comitês de decisão multidisciplinares

A ISO 56002 orienta a manter esse processo alinhado aos objetivos de inovação da empresa, evitando desperdício de energia em iniciativas sem tração.


3. Acompanhe indicadores e documente aprendizados

Para que a inovação aberta gere resultados consistentes, é fundamental medir o desempenho das parcerias e registrar os aprendizados de cada ciclo.

Exemplos de indicadores relevantes:

  • Tempo até o primeiro piloto
  • Nível de engajamento interno
  • Contribuição para metas estratégicas
  • Taxa de continuidade ou escalonamento das parcerias

Além disso, documentar o que funcionou (e o que não funcionou) fortalece o aprendizado organizacional e evita a repetição de erros.


4. Fortaleça a comunicação interna e externa

Escalar inovação aberta também depende de comunicação constante, clara e inspiradora.

Internamente, é importante manter as equipes informadas sobre os avanços, desafios e conquistas das parcerias. Isso gera engajamento e reduz resistência.

Externamente, comunicar com transparência reforça a reputação da empresa no ecossistema e atrai novos parceiros qualificados.

A ISO 56002 reforça o papel da comunicação como um elo entre cultura, governança e ação.


Escalar inovação aberta é possível — desde que exista método, foco e cultura. A ISO 56002 oferece um caminho para que a colaboração externa se torne parte do DNA da empresa, e não apenas uma iniciativa pontual.

Como a Quiker organiza programas de inovação aberta com eficiência

Gerenciar inovação aberta não é simples. São múltiplos parceiros, fluxos de trabalho diferentes, riscos compartilhados e metas que precisam ser constantemente alinhadas. A Quiker foi desenvolvida para trazer clareza, rastreabilidade e fluidez a esse processo, transformando iniciativas dispersas em um sistema organizado, escalável e focado em resultado.

Veja como a plataforma contribui para programas de inovação aberta mais eficientes:


1. Estruturação de fluxos personalizados para cada tipo de parceria

Cada parceria tem seu próprio ciclo: uma colaboração com universidade é diferente de um desafio com startups. A Quiker permite configurar fluxos específicos para cada tipo de iniciativa, respeitando o tempo, as etapas e os critérios de cada parceiro.

Desde o onboarding de parceiros até a entrega final, tudo pode ser visualizado e monitorado em um único lugar — com responsabilidades claras e checkpoints definidos.


2. Gestão integrada de ideias, projetos e contratos

Com a Quiker, empresas podem registrar todas as interações com parceiros externos, desde a captura de ideias até o desenvolvimento de pilotos e a escalada de soluções.

Além disso, é possível integrar documentos, contratos, termos de confidencialidade e critérios técnicos diretamente no sistema. Isso evita perda de informação e facilita o acompanhamento jurídico e estratégico de cada parceria.


3. Painéis e indicadores para tomada de decisão

A plataforma oferece dashboards inteligentes que consolidam os principais indicadores de inovação aberta:

  • Quantidade de parcerias ativas
  • Nível de maturidade dos projetos
  • Contribuição para metas estratégicas
  • Engajamento interno por área

Esses dados tornam a tomada de decisão mais objetiva, rápida e baseada em evidências — exatamente como orienta a ISO 56002.


4. Registro de aprendizados e visibilidade para a organização

Cada ciclo de parceria gera aprendizados valiosos. A Quiker permite registrar essas lições de forma sistemática, promovendo a cultura de melhoria contínua.

Além disso, o sistema oferece visibilidade para diferentes áreas da empresa, estimulando a colaboração interna e o engajamento em novos ciclos de inovação aberta.


Com a Quiker, programas de inovação aberta ganham estrutura, foco e inteligência. A plataforma traduz os princípios da ISO 56002 em práticas concretas, ajudando as empresas a inovar com o ecossistema sem perder controle, rastreabilidade e alinhamento estratégico.

FAQ sobre inovação aberta e ISO 56002


1. A ISO 56002 serve apenas para empresas que já têm experiência com inovação aberta?

Não. A ISO 56002 é uma norma de diretrizes, ou seja, ela é flexível e adaptável a qualquer nível de maturidade. Tanto empresas que estão começando quanto aquelas com programas avançados se beneficiam das recomendações sobre governança, avaliação, gestão de risco e aprendizado.


2. É possível aplicar a ISO 56002 com startups sem engessar o processo?

Sim. A norma não impõe burocracia, mas propõe estruturas que evitam ruídos, expectativas desalinhadas e perda de valor. Pelo contrário: ao trazer clareza de papéis, critérios de sucesso e canais de decisão, ela aumenta a fluidez e a confiança na parceria.


3. A ISO 56002 trata diretamente de propriedade intelectual e contratos?

Ela não define cláusulas contratuais, mas recomenda que esses temas sejam discutidos e formalizados de forma clara. Isso inclui acordos sobre dados, confidencialidade, PI e divisão de resultados. A norma também sugere registrar esses acordos como parte do sistema de gestão da inovação.


4. Posso usar a ISO 56002 com fornecedores ou clientes como parceiros de inovação?

Com certeza. A norma entende que todos os stakeholders relevantes devem ser considerados no sistema de inovação — e isso inclui clientes, fornecedores, comunidades e parceiros estratégicos. Iniciativas de cocriação com esses públicos ganham muito em eficiência e escala quando há método e governança.


5. Como medir o sucesso de uma parceria de inovação aberta?

A ISO 56002 orienta o uso de indicadores de processo, resultado e aprendizado. Isso pode incluir: tempo para validar um piloto, engajamento interno, número de soluções escaladas, impacto estratégico e lições reaproveitadas.

O importante é que os dados sejam usados para aprender e evoluir — e não apenas para julgar.


6. A norma recomenda algum tipo de tecnologia ou plataforma?

A ISO 56002 não especifica ferramentas, mas sugere que o sistema de gestão seja suportado por plataformas que garantam rastreabilidade, integração e visibilidade. Soluções como a Quiker ajudam a operacionalizar esses princípios e facilitar a gestão de múltiplas parcerias com segurança e eficiência.

Conclusão – Inovar com o ecossistema sem perder o controle

Inovação aberta deixou de ser uma tendência para se tornar um imperativo competitivo. Nenhuma empresa, por mais robusta que seja, consegue inovar sozinha na velocidade e complexidade exigidas pelo mercado atual.

Mas inovar com o ecossistema não significa abrir mão de estrutura. Pelo contrário: quanto mais parceiros envolvidos, maior a necessidade de método, clareza e governança.

É exatamente nesse ponto que a ISO 56002 se mostra poderosa. Ela oferece um roteiro flexível, porém robusto, para que as empresas consigam:

  • Identificar e selecionar parceiros de forma estratégica
  • Estruturar modelos de colaboração transparentes e sustentáveis
  • Medir o impacto real das iniciativas em conjunto
  • Aprender com cada ciclo e evoluir o sistema de forma contínua

Ao aplicar a norma, a organização não engessa sua inovação — ela a fortalece. Cria pontes mais seguras, relações mais duradouras e oportunidades reais de gerar valor compartilhado com o mercado.

Inovar com o ecossistema é mais do que se conectar. É construir juntos, com método e confiança.

E a ISO 56002 é o elo que transforma colaboração em resultado.